segunda-feira, 20 de abril de 2009

Você é o que você consome! - Final



No Brasil, um caso em que empresas começaram a se mexer para garantir cadeias produtivas mais justas foi capitaneado por uma aliança entre a ONG Repórter Brasil, a Organização Internacional do Trabalho e o Instituto Ethos. Em 2004, a Repórter Brasil fez uma extensa pesquisa para descobrir para onde iam os produtos de fazendas que exploravam trabalho escravo, a partir de uma lista elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Identificamos os caminhos desses produtos "sujos" até o consumidor final, as empresas compradoras, como redes de supermercados, foram informadas sobre o que seus fornecedores faziam de ilegal. Resultado? Mais de 100 delas aderiram ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, em que se comprometem a não comprar de fornecedores criminosos. Hoje, as signatárias do pacto representam cerca de 20% do PIB nacional. "Estimulamos os consumidores a dar preferência às empresas que fazem parte do pacto e a pressioná-las para que cumpram o acordo", diz Leonardo Sakamoto, coordenador da Repórter Brasil.

Infelizmente, o boicote ainda não é uma arma muito usada em nosso páis. Segundo uma pesquisa realizada pelos institutos Akatu e Ethos em 2006 e 2007, apesar de 75% dos brasileiros saberem que têm poder de influenciar a responsabilidade social das empresas, apenas 14% deixam de comprar das companhias que consideram irresponsáveis, e só 12% premiam as responsáveis escolhendo suas marcas. O recorde de boicote é registrado na América do Norte, onde 55% dos consumidores afirmam punir as empresas irresponsáveis deixando de dar seu dinheiro a elas.

"O maior instrumento que o consumidor tem em mãos para escolher as empresas das quais vai comprar ou não é a informação", afirma Heloisa Mello, do Instituto Akatu. E como chegar a ela? "Por meio da imprensa, das pessoas de nosso círculo social ou das próprias empresas, em suas páginas na internet ou serviço de atendimento ao cliente", completa. Ficar de olho em balanços de práticas socioambientais, nas listas de empresas sujas e limpas divulgadas por ONGs e nas certificações estampadas nas emblaganes também é uma ótima dica. Vale tudo, menos estampar na testa, desavisadamente, que não tem dó de desmatar a Amazônia, maltratar animais ou explorar crianças.

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